Entre Diego Lugano, Giovanni van Bronckhorst, Philipp Lahm e Iker Casillas sairá o décimo nono membro de um dos grupos mais seletos do futebol mundial. Eles jogam com uma braçadeira que oficialmente representa muito pouco, mas tem um simbolismo enorme. O dono dela tem o direito de ser o primeiro a tocar na taça de campeão. Qualquer um dos quatro que vencer manterá uma tradição: a maioria dos capitães ganhadores de Copas do Mundo, 12 entre 18, jogavam na defesa.

O holandês Van Bronckhorst e o alemão Lahm concorrem a ser o terceiro lateral a levantar o troféu de campeão, após os brasileiros Carlos Alberto Torres, em 1970, e Cafu, em 2002. Eles jogavam numa posição que sequer existia no futebol quando o zagueiro José Nasazzi recebeu a taça de campeão da primeira Copa do Mundo, em 1930. Van Bronckhorst é também o jogador com mais partidas por sua seleção entre os quatro capitães candidatos a campeão na África do Sul.
Philipp Lahm é jovem, tem 26 anos e pelo menos mais uma Copa pela frente. Em comum com Cafu, o fato de ter ganho a braçadeira após a lesão de um companheiro. No caso, Michael Ballack. No currículo, conta com uma medalha de bronze do Mundial da Alemanha e uma de prata da Eurocopa. Por seu clube, o Bayern de Munique, ele também bateu na trave, com o vice-campeonato da última Champions League. Agora falta o ouro e Lahm acredita no talento de sua equipe.
- Esta é a melhor seleção em que eu já joguei até hoje. A Copa está sendo fascinante - afirmou, empolgado, o alemão.
Se for Giovanni van Bronckhorst o capitão campeão do mundo, então o lateral-esquerdo terá a despedida perfeita da seleção holandesa.


- Esta Copa é meu último sonho - disse o jogador de 35 anos, que já anunciou que não atuará mais pela Laranja.
Gio, como é conhecido, já estava preparando o fim da carreira há algum tempo, desde que trocou o Barcelona pelo Feyenoord, o clube onde começou na cidade natal Roterdã. Ele é um remanescente de um outro período da Holanda. Viu do banco de reservas a eliminação da equipe para o Brasil, nos pênaltis, na semifinal de 1998 e passou maus momentos quando a seleção sequer conseguiu classificar-se ao Mundial de 2002. Se passar pelo Uruguai, o lateral será o terceiro capitão holandês a disputar uma final de Copa.
O uruguaio Diego Lugano é o mais conhecido dos torcedores brasileiros, pelo sucesso nos quase quatro anos que passou no São Paulo. Recuperando-se de lesão no joelho, Lugano não deve jogar a semifinal contra a Holanda. Se voltar na final, terá uma missão nada fácil. O Uruguai teve dois capitães em finais de Copa. Ambos eram zagueiros, como Diego Lugano, e saíram de campo vencedores. O último deles, Obdulio Varela, ganhou ares de mito por causa do Maracanazo de 1950. O capitão da Celeste de 2010 mantém o espírito guerreiro que virou marca do futebol de seu país.

- Eu não me importo de jogar com dores. Vou lutar até o último minuto, pois não quero perder esta partida contra a Holanda - disse o Lugano, atualmente no clube turco Fenerbahçe, mas cotado para regressar ao futebol brasileiro.
Além de Obdulio e Nasazzi, outros seis zagueiros já levantaram a taça de campeão do mundo, incluindo os brasileiros Bellini, em 1958, e Mauro, em 1962. O último Mundial também teve um zagueiro como capitão da seleção vencedora, o italiano Fabio Cannavaro.
Também são da Itália os dois únicos goleiros-capitães a ganhar a Copa. E, assim como o zagueiro italiano Cannavaro, eles também jogavam no Juventus. Gianpiero Combi foi o primeiro, em 1934. Dino Zoff, o segundo, em 1982. O espanhol Iker Casillas busca tornar-se o terceiro desta lista. O jogador do Real Madrid é o único goleiro-capitão campeão da Eurocopa e também já conquistou todos os títulos possíveis atuando por seu clube. Numa seleção que jamais foi a uma final de Mundial, Casillas já faz parte da história. Se for campeão na África do Sul, chegará ao olimpo. Se é que já não está lá.
- Não há jogador maior na história do futebol espanhol, pelo que é como pessoa, jogador e capitão. Casillas é Deus - disse o meia, companheiro de seleção.